domingo, 7 de outubro de 2018


Seguem mais duas novas poesias da Maria Eduarda Andára Fagundes (novo livro, em breve...projeto no prelo):

Museu em chamas 

Milhares de histórias do nosso passado,
Sufocadas e carbonizadas,
Deixadas para morrerem consumidas
Pelas chamas do descaso.

É a nossa própria vida,
Por um momento, já não batia mais nenhum coração,
Milhares de corpos jogados no palácio cinza,
Onde antes as paredes douradas abrigavam a alma de toda uma nação.

Salvem nossas almas!
Eles brandiam atrás dos portões de ferro.
Que almas?
Eles riam.
Tudo o que resta são os restos mortais que o fogo deixou.

Um país sem história, vive à mercê dos erros,
Outrora cometidos e esquecidos,
Por um povo que brinda a ignorância,
E vive eternamente preso, à correntes pesadas, submissos,
E calados.

Enquanto nossos corações,
Apátridos,
Apáticos,
Partidos,
Estão fadados a viver eternamente,
Deitado em berço de um país sem história,
Cujo passado passa em branco,
E para o futuro, só resta perecer.


Não me deixe morrer calada

Quantas mortes serão necessárias?
Quantos corpos com balas cravadas no peito até que a segurança seja instaurada?
Quantas mulheres terão de ser divididas 
Entre as que merecem ou não merecem,
Até que exista igualdade?

Qual é o preço da tua contestável honestidade?
Viver amordaçado pelo peso de uma ditadura?

Ou uma população onde poucos tem liberdade?

Mas aqui vai uma novidade,
Quando a liberdade é garantida a poucos,
Não existe democracia.
Direito que nos foi garantido desde a Grécia Antiga,
E agora, que um homem, cego por sua hipocrisia,
Acha que pode nos tirar.

Então, senhor capitão da reserva,
Eu desafio qualquer autoridade que você tenha ou possa vir a ter.
Meu medo não é de morrer queimada.
Nessa sua nova inquisição
Meu medo é de passar o resto da vida calada.
Num país governado por alguém como você.

Parabéns, Duda; e obrigada por compartilhar conosco! 

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